O gibi de Beavis e Butthead foi lançado no Brasil em 1996, no embalo do sucesso do desenho animado homônimo, que era exibido pela MTV, quando esta ainda não era exclusiva da TV a cabo, na metade dos anos 90.
O teor das histórias dos quadrinhos era o mesmo das do desenho animado, sendo que as dos quadrinhos possuíam um teor bem mais escatológico. Mas todos os personagens estavam lá. As camisas da dupla tinham, nos quadrinhos, dizeres diferentes das do desenho animado. No desenho eles tinham camisas escritas “Ac/Dc” e “Metallica”. E nos quadrinhos estavam escritos “Skull” e “Death Rock”. Pelo que percebi, foi algum problema relacionado a royalties, pois a MTV tinha direito sobre o nome das bandas, enquanto que a Marvel (responsável pela publicação do título) não detinha esse direito e teria que pagar uma fortuna por ele. Algo assim.
Os quadrinhos não eram tão engraçados quanto o desenho, mas tinham lá seu “charme”. Enquanto que no desenho animado a dupla dinâmica interrompia as histórias em andamento para comentar clips de música, nos quadrinhos os dois interrompiam a história para comentar gibis. Eram publicadas mais ou menos umas duas ou três folhas de uma HQ de algum super-herói da Marvel e os dois teciam comentários engraçados em baixo de cada quadrinho. Por exemplo, houve uma historinha do Homem-Aranha onde Venom disse em um balão “Sinto muito, Homem-Aranha, mas vou ter que comer o seu…” e os dois falaram, logo abaixo do quadrinho “Cú!” e logo após, no quadrinho seguinte, o simbionte completou a frase com …”cérebro” e os dois disseram “Que decepção, huh huh!”
Por aqui, o gibi não durou muito (acredito que nem doze edições tenha tido). A editora responsável pelo gibi foi a Escala, a mesma responsável pelos quadrinhos de Mortal Kombat e Esquadrão Marte. Apesar de admirar a iniciativa da editora por publicar esses títulos alternativos aqui em território nacional, preciso admitir que os cuidados editoriais deles eram péssimos. Não raro, as historinhas vinham com páginas mutiladas ou repetidas, sem falar que às vezes repetiam histórias de edições anteriores em edições posteriores. Já houve, por exemplo, casos em que publicavam numa edição a história da edição passada, começando já pela metade.
Inicialmente o gibi era publicado em formatinho, com um bom papel, inclusive. Lá pela sétima edição eles migraram o gibi para uma espécie de “formatão”, em A4, e botaram um papel mais vagabundinho.
Como fã de Beavis e Butthead que eu era, comprava o gibi direto. Tenho todos eles até hoje, e mal posso acreditar que já se passaram nove anos! Tenho saudades desse desenho… quando é que a MTV terá pena de nossas almas e lançará os boxes de DVDs contendo os episódios? HUH HUH! HUH HUH! HUH HUH HUH!