Lançado aqui no Brasil com anos de atraso Badlands – O Fim do Sonho Americano escrita por Steven Grant e desenhada por Vince Giarrano é uma história que explora uma das maiores – por que não? – mitologias do universo norte-americano: o assassinato do presidente Kennedy.
Mais jovem eleito senador dos EUA e aclamado com uma votação massiva John Fitzgerald Kennedy tornou-se quase uma lenda. O imaginário norte-americano direciona em Kennedy muitas de suas utopias. Independente das páginas e páginas que esta percepção e o ethos calvinista norte-americano possa ter, a verdade é que o assassinato do presidente tornou-se um mercado rentável com numerosos filmes, livros e o que mais puder ser feito contando alguma versão.
A idéia de Grant é em cima desse fato criar uma versão totalmente fictícia. Nas palavras do próprio autor: “tentar entender que tipo de homens fariam algo assim”. O resultado é pífio, para não dizer covarde. Tudo começa com Conrad Bremen, um ladrão pé-de-chinelo, não muito esperto e com diversos traumas da prisão. Ele é jogado como bode expiatório de uma operação para matar o presidente americano Kennedy.
Primeiramente Grant exprime muitos dos chavões e até mesmo preconceitos comuns ao cinema de terror norte-americano. Os homens maus são sempre muito maus e, sempre há algo que sexualmente os torne passível de punições. Do homosexualismo até simplesmente fazer sexo (reparem em quantas mortes ocorrem enquanto dois personagens transam em filmes de terror), todos os homens maus costumam ter algo recalcado em si (desde o psicótico de O Silêncio dos Inocentes até o Coringa bisexual de Alan Moore).
Não é que gays ou ninfomaníacas não possam cometer crimes, mas a simplicidade do roteiro de Grant eleva essas características a quase provas da maldade dos algozes de JFK quando na verdade preferências sexuais situam-se longe do aspecto frio que levaria homens a negociarem o assassinato do presidente de seu país. Vontade esta que se caracteriza pelo egoísmo e mesquinharia político-econômica.
Mesmo situando sua história em um exercicío livre de ficção sobre a realidade, Grant apenas torna tudo mais enfadonho. A trama não acrescenta absolutamente nada ao imaginário do assassinato de JFK e nem mesmo se sustenta como uma boa história. Bremen não é um protagonista carismático e, constantemente, torna-se menos interessante do que personagens coadjuvantes. Mesmo o insípido JFK – A Pergunta que não quer calar, do superestimado Oliver Stone torna-se mais interessante. Seja porquê aquela era uma tentativa de contar a verdade que se tornou mais uma ficção ou porquê – o que é mais certo – esta é uma história ruim e absolutamente desnecessária.
Badlands – O Fim do Sonho Americano tem 144 páginas e custa R$23.
Nota: 4
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