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Autor de “O Grande Truque” DETONA os Batmen do Nolan – e o Nolan!

O Grande Truque para mim é um dos grandes filmes de fantasia da década, e o segundo melhor filme do Nolan (o melhor pra mim ainda é Amnésia). O Grande Truque é baseado no livro de Christopher Priest (que não é o mesmo Christopher Priest que é roteirista de quadrinhos), e o autor esteve num festival internacional de Ficção Científica na França e conversou com um site local sobre a adaptação do seu livro e sobre os filmes do Nolan.

Ele começa explicando como Nolan se tornou o diretor da película: Em 2001, os direitos do filme ficaram disponíveis e o agente de Priest recebeu 2 ofertas, uma foi de Sam Mendes, que ganhava atenção na época com Beleza Americana, outra foi da Newmarket Filmes, um estúdio afiliado da Warner, que insistia em adquirir os direitos para Christopher Nolan, que lera a obra um anos antes. Priest estava mais inclinado par ao Sam Mendes, mas aí a equipe do Nolan mandou pra ele uma cópia de Following, o primeiro filme do diretor. Depois de assistir, Priest acabou ficando com o Nolan, comentando que o escolheu por que sempre preferiu “apoiar novos talentos”. O autor aproveitou para dizer que considera a adaptação um dos melhores filmes do diretor.

Mas aí quando perguntam pra ele sobre os filmes do Batman, a conversa muda de figura. Ele diz que os filmes do Batman são superficiais e mau escritos, e que seus filhos acharam “chato e pretensioso”. Ele também discorda que Nolan tenha trazido “realismo psicológico” aos filmes de super-herói, dizendo que o Batman é só um fisiculturista que pula de prédio em prédio, e que filmes de super-heróis mais divertidos como Vingadores e Homem de Ferro são o que há.

Se vocês quiserem ver a entrevista na íntegra (em inglês com legendas em francês), taí:

Olha, eu gosto muito dos filmes do Nolan, mas não sou ingênuo a ponto de achar que os filmes dele são perfeitos. O Cavaleiro das Trevas Ressurge mesmo é um que eu critico muito até hoje. Agora, os argumentos do Priest são bobos demais. Parece bem coisa de velho que cresceu assistindo Batman dos anos 60 achar que filme de super-heróis tem que obrigatoriamente ser “para agradar crianças”.

E tem outra: os filmes do Batman do Nolan carecem de muitos “Batmanismos” (como suas habilidades de detetive, os disfarces para se mesclar aos criminosos, entre outros), verdade, mas as pessoas conseguem ser bastante anacrônicas quando analisam os filmes em retrospecto. Acho engraçado que, agora que os filmes do Nolan passaram um tempo, todo mundo começa a criticar, quando na época do lançamento, todo mundo adorava. O mesmo acontece com diversos outros filmes, como os Batmen do Tim Burton (ovacionados na época e hoje detonados por muita gente), o primeiro X-men, e até Vingadores.

Me incomoda que as pessoas não sejam capazes de analisar filmes dentro do contexto em que eles surgiram e foram lançados, querendo aplicar critérios posteriores – que muitas vezes nem sequer existiriam se estes filmes não tivessem sido lançados daquele jeito em primeiro lugar – que acabam sendo inaplicáveis.

Mas, talvez seja algo que tenhamos que aceitar: vivemos num momento onde queremos o bônus de ter uma opinião, sem o ônus de saber do que estamos falando.* É claro que eu acho que todo mundo tem direito a se expressar, mas dar opinião é fácil, qualquer idiota pode fazê-lo. Sustentar uma opinião com bons argumentos já é outra história (o que é um comentário meio vazio de se fazer no MDM, mas eu precisava encerrar o texto de alguma maneira).

P.S.: Aproveitando que estou falando de Nolan, participei do Cinecast cagando uma regra sobre Interestelar, ouçam lá (ou não, muito pelo contrário).

 

*Eu posso fazer isso por que o diploma de Filosofia é basicamente um certificado para cagação de regra, eheuehueheuheueheuheueuheh

Algures

Meu nome é Algures e tenho 41 anos (teria se tivesse vivo). Morri aos 13 anos tentando ouvir o Podcast MDM proibidão. Envie esse post para 20 pessoas para que eu possa descansar em paz. Caso não repasse essa mensagem, vou visitar-lhe hoje à noite e você vai se arrepender. Dia 15 de julho, Rafael riu dessa mensagem e 27 anos depois morreu em um acidente de carro. Não quebre esta corrente a não ser que queira sentir minha presença (atrás de você)

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