Eis que o maior evento de quadrinhos das galáxias está chegando!
Anunciado pela lua sangrenta, o Festival Internacional de Quadrinhos vem aí para, como acontece sempre a cada dois anos, fazer de BHCity One a capital planetária do quadrinho.
O lance é que nem só de FIQ vive o nerd mineiro. Pelo breu das docas tocas da cidade, alguns (poucos, é verdade) estabelecimentos colocam o leitor em condições de alcançar seus quadrinhos mais mainstream (ou não) favoritos. Esse post é pra você, BHCitense, e também pra você, seja lá de onde for, que vai chegar mais cedo/sair mais tarde da cidade em função do evento, poder conhecer esses lugares. Deixando claro, este NÃO É um post patrocinado, tô fazendo um ranking dos locais onde eu compro meus gibis – claro que vai ficar gente de fora. Nem eu compro tanta HQ assim! Ah, pontos de venda de material exclusivamente independente, como a Feira Faísca, ficaram de fora também.
Posição 5: Banca Aki Totaro (Avenida Brasil, próximo ao número 464, Santa Efigênia)
E o ranking começa com a desconhecida Banca Totaro, na Avenida Brasil. Atualmente, é lá que eu compro a grande maioria das minhas HQs simplesmente por trabalhar lá perto. Não só por isso, mas também porque a Marina, proprietária do lugar, curte coisas nerds (principalmente Star Wars) e tem investido pesado em transformar a banca num ponto de referência. Com os pitacos, digo, a consultoria (ehehehehe) deste que vos escreve, a banca tem se esforçado em oferecer os principais lançamentos das principais editoras de banca (Panini, JBC e colecionáveis, como Salvat, Eaglemoss e Planeta DeAgostine).
Pontos Fracos: a irregularidade da distribuição (não é uma banca especializada, então a distribuidora dá uma cagadinha); a impossibilidade de achar títulos de fora das majors; e o sério risco de você encontrar comigo caso vá até lá.
Pontos Fortes: Os funcionários da banca, Rafaelle e Seu Jair, não manjam nada de quadrinhos. Mas estão sempre dispostos a correr atrás de algo que você queira e não pintou lá. Ah! E eles aceitam cartão de crédito e débito.
Posição 4: Livrarias Quixote e CoPec/UFMG (prédio da FaFiCH – Quixote; prédio da ECI – CoPec. Ambas no térreo)
Em BH existem duas unidades da livraria Quixote, uma na Savassi, outra dentro da UFMG, e ambas vendem HQs. O ouro mesmo está na UFMG: ainda que o foco da livraria não sejam os quadrinhos mas os livros de uso acadêmico, a unidade conta com uma discreta prateleira de gibis, todos títulos de livraria, naturalmente (Panini Books, Devir, Nemo, Zarabatana, Martins Fontes, Quadrinhos na Cia. e etc), mas o grande lance é composto de dois movimentos. O primeiro movimento, a equipe capitaneada pelo Carlinhos faz pedidos aos distribuidores conforme a demanda: logo, se você quer comprar por exemplo a série Moebius da Nemo, pode pedir que eles encomendam. O segundo movimento é que, em função de algumas exonerações tributárias que a livraria tem acesso por estar dentro da universidade, eles oferecem excelentes descontos, em torno de 15 ou 20% para pagamento em dinheiro!
O mesmíssimo mesmo proceder rola da CoPec, do Jair, no prédio da ECI. Quadrinho de livraria, encomendas, descontões.
Pontos fracos: Pronta-entrega é questão de sorte. Se você pensou numa graphic novel bacana para dar de presente, é bom se antecipar para dar tempo de encomendar e receber – geralmente eles pedem dois dias.
Pontos fortes: Encomendas, descontos, equipes bacanas. Aceitam cartões (mas aí perde os descontos). Especificamente na Quixote, rola umas mesinhas e um café enquanto você espera os funcionários contatarem o distribuidor e fazerem a reserva.
Posição 3: Banca 9ª Arte, vulgo Banca do Augusto (UFMG, na portaria da Av. Antônio Carlos)
Das casas desta lista, é a que eu menos tenho utilizado, por já não frequentar mais a universidade tanto quanto antigamente. Apesar de 6a1ista, o Augusto é um cara gente boa, que manja de quadrinhos e monitora bem os lançamentos. Ainda que seja mais certo você encontrar por lá sobretudo lançamentos das grandes editoras nacionais, na banca dele sempre pinta alguma coisa mais fora da curva, seja em termos de quadrinhos, seja em termos de lances relacionados, como livros, CDs, DVDs e etc. Tem também a boa e velha caixinha de encalhes/HQs usadas, onde pode estar perdido (e sendo vendido a preço de banana) aqueeeeeeela HQ que te falta pra completar a passagem do Liefeld pelos Vingadores.
Pontos Fracos: Pelo menos enquanto eu era mais frequente lá, o Augusto só aceitava dinheiro vivo, nada de cartões. Aí dá uma pesadinha.
Ponto Forte: O Augusto manja do riscado. Vai saber te dizer se o que você quer vai ou já saiu, se tá difícil de receber ou se a distribuição vai avacalhar. Se você tiver na dúvida sobre o que comprar, também pode te dar uns toques sobre os produtos mais interessantes disponíveis (dificilmente te jogando em furada).
Posição 2: Casa da Revista (Rua da Bahia, nº593, Centro)
Vulgarmente conhecida como “Sebo do Anderson”, a Casa da Revista é exatamente isso: um sebo. Uns tempos atrás o Anderson até se aventurou a vender revistas novas, adquiridas diretamente com o distribuidor, mas o lance não deu certo muito em função do público específico do lugar. Falando nele, a Casa da Revista é, dos locais dessa lista, onde você mais corre risco de encontrar com os nerds da Capital do Pão de Queijo: sempre tem alguém lá, se não no térreo (onde ficam sobretudo os livros e revistas “civis”), ao menos no pilotis, onde ficam as coisas mais explicitamente nerds, sob o olhar sanguinário do vigia, digo, sob a vigilância amorosa do Rapha, do Bear Nerd.
Pontos Fracos: É um sebo, Zero-dois. Então se você tem nojinho de procurar o que deseja em meio a pilhas de gibis velhos e empoeirados, pede pra sair. Falando sério, como o Anderson também trabalha com consignação, às vezes você chega lá, encontra aquele gibi que procura há anos sem fim e ele está consignado, com o atual dono cobrando preço de Mercenários Livres. Aí é triste.
Pontos Fortes: Anderson e Rapha são duas putas pagas velhas no que tange não só a quadrinhos como a cultura de massa em geral. Você pode discutir com eles o desde o mercado de usados até as implicações das Fadas no fim do mundo fantástico da White Wolf – e vai sempre ser um papo legal. É quase como estar num filme do Kevin Smith. Ah, e lá aceita cartões e trocas.
Posição 1: Banca Glória (Av. Afonso Pena, em frente ao Santander da Praça Sete)
Sem dúvida nenhuma, o crème de la crème do quadrinho em BHCity é a Banca Glória, ou Banca do Seu Joaquim. Localizada no centro do centro da cidade, a banca por algum tempo se auto-nomeou “a número 1 em quadrinhos e mangás” e, não sei porque, parou de usar o título. Toda a equipe da banca (geralmente eu encontro mais com o trio Seu Joaquim, Carlos e Charles) entendem muito de quadrinho – mesmo não sendo leitores (bem, eu acho que eles não são), sabem te dar informações completas sobre lançamentos, prazos de entrega, atrasos e etc. Além disso, a banca usa bem de seu perfil no Facebook, postando a chegada de produtos e acolhendo pedidos de reservas. Ah, e se tudo isso não bastasse, eles têm um programa de fidelidade: você passa uma lista com todos os produtos da banca (não só quadrinhos) que coleciona e eles vão separando pra você à medida que chega. No final do mês você passa, recolhe a sua pastinha e acerta os valores, sem custos adicionais!
Pontos fracos: Na boa? Desconheço. Mesmo, sem sacanagem. A equipe entende do riscado, o atendimento é fino, a localização é excelente, o acervo é completinho… Vou deixar sem.
Pontos fortes: O sistema de fidelidade; a equipe manja; a proximidade com o cliente no Facebook… Enfim, o serviço é de primeiríssima. Ah, e aceitam cartões!
Posição 0,5: Leitura (principalmente a unidade Savassi, Av. Cristóvão Colombo, nº 167, Savassi)
Como um todo a rede de livrarias Leitura, mas mais especificamente a Leitura Savassi, é um daqueles casos do sujeito que não soube embarcar no trem da História. Veja bem: quando eu comecei a frequentar a Leitura, lá na segunda metade dos anos 1990 (ainda na unidade da Av. Amazonas, do lado da Galeria Praça 7), a rede era o fino do fino em termos de quadrinhos e nerdices, um bastião de sobrevivência numa época um tanto árida. A Leitura Amazonas fechou e o grosso dos quadrinhos foi transferido para a discreta “masmorrinha” da unidade Savassi. Com uma entrada quase escondida, dava a impressão de algo secreto, reservado apenas aos iniciados. Uma vez na pequena masmorra de teto rebaixado (quantas cabeçadas eu já dei naquele trem!), o nerd se deparava com um verdadeiro paraíso: as edições novas de suas séries favoritas, números atrasados, RPG’s, card games, encalhes de revistas antigas. O espaço parecia ser maior por dentro do que por fora. Isso tudo numa época pré-Bazzinga, em que ser nerd não era moda, não era motivo de orgulho nem nada e quando, imagino, as vendas desse tipo de produto nem deveriam ser grandes coisas.
Hoje, no meio da onda bazzinguista, onde Batman, Vingadores e etc estão na boca do povo, vendendo mais do que picolé no deserto, a Leitura perdeu o bonde da História: não só a unidade da Savassi (mas sobretudo ela, que já foi uma referência), mas todas as lojas que têm HQs (Shoppings Boulevard, Del Rey, Pátio Savassi) são uma zona completa! Os quadrinhos ficam espalhados, misturados, os clientes desviando de caixas e outras mercadorias nada a ver. Os funcionários não sabem muito, não têm proatividade e muitas vezes dão a impressão de que você está atrapalhando. A unidade Shopping Boulevard é quase tão zoneada quanto, com os quadrinhos jogados em cima de duas grandes bancadas, sem ordem nem critério.
Ponto Fraco: Quer mais? Pois tem mais: a maioria das coisas é vendida a preço de capa, muitas vezes não importando há quantos anos esteja lá. Descontos, só nos encalhes.
Pontos fortes: Você ainda tem grandes chances de achar quadrinhos de livraria em pronta entrega por lá, coisas que as outras não necessariamente recebem. E só. Ah, eles aceitam dinheiro de plástico.
É isso aí, macacada! Agora que você já sabe onde comprar (ou não, pelo contrário) seus gibis favoritos na cidade (sem praia) mais legal do mundo, os dados estão lançados! E que os deuses tenham pena do seu bolso, porque você NÃO TERÁ!