Bem, fui ver o Guardiões da Galáxia tentando manter a expectativa baixa afinal desde ambos os Thorzes e Homem de Ferro 2, eu já tinha sido enganado pela Marvel Studios. Não digo que foram filmes ruins, longe disso, mas que não foram isso tudo que eu esperava. Mas pelo que o MUNDO NERD INTEIRO dizia, “Guardiões” era o filme para ir de peito aberto, sem esperar nada, e se divertir na viagem e, se você pensar bem, isso acabou sendo uma estratégia foda do estúdio: como nem eles estavam “levando o filme a sério”, ficou praticamente um filme a prova de falhas.
Bastou colocar junto com um roteiro simplório e um “MacGuffin” GIGANTE (“temos que pegar esse troço antes que o vilão pegue, senão ele vai fazer algo muito malvado”), personagens fáceis de identificar e relacionar (“o bonitão idiota”, “a durona com coração-de-ouro”, “a dupla dinâmica”, “o brutamontes leal”, etc etc) e cenas de ação competentes num visual impressionante. Parece falar oboviedades, mas existem outras franquias que possuem o mesmo lore nerdístico com a mesma profundidade narrativa e preocupação com cenas de ação que nunca foi tão bem nos cinemas: Transformers, que inclusive daqui a pouco perderá o título de “filme mais rentável de 2014” com seu último capítulo Transformers 4: a era da extinção. James Gunn – diretor da bagaça – quase não tinha como errar, ou pelo menos errar acabou sendo algo muito difícil, apesar dos personagens desconhecidos até para o público fiel dos quadrinhos (afinal quem pode dizer, de bom coração, que sequer tinha ouvido falar de Guardiões da Galáxia antes do anuncio do filme? Que dirá dizer ser fã).
É, porque afinal todo mundo sempre foi suuuper fã do grupo, ainda que a formação original passe LONGE dessa do cinema.Isso alerta pra uma coisa que preocupa um pouco – pois o filme não adapta nenhuma propriedade e não se sustenta exatamente pelo seu conteúdo (que é “medíocre”), mas unicamente pelo “selo” Marvel Studios. E isso é um problema porque me faz pensar que de agora em diante a Marvel poderá emplacar, virtualmente, QUALQUER COISA, só colocando seu aval na película. É meio como nos anos 90, onde qualquer filme que tivesse o nome “Spielberg” no cartaz vendia ingresso adoidado. Ou a mesma coisa na década seguinte com “Tarantino”. Só que diferente de um diretor, agora temos todo um estúdio, e em última instância uma mega corporação, meio que pasteurizando a coisa toda pois ao invés de uma “visão” particular deste e daquele profissional, agora temos um “marvel way” de se fazer filmes.
Talvez isso traga os mesmos benefícios e desvantagens que o mesmo formato de produção trouxe para os quadrinhos (sabe aquele espírito de “fazer primeiro o desenho, depois a gente inventa uns diálogos”? Então, todo mundo aqui sabe o que isso ocasionou, não preciso dar aula de história pra ninguém ). Se isso será bom ou ruim, só o tempo dirá, mas pelo menos deve nos proteger das MERDAS que aparecem aqui e ali com superseres (mais uma vez, Thorzes e HdF2), mas vale o exercício de reflexão: se Guardiões da Galáxia NÃO fosse um filme de quadrinhos – porque inclusive digo que não é nem mais um filme de super-heróis -, ou melhor, se não fosse um filme MARVEL, você assistiria no cinema? Eu digo que talvez não, ou pegaria na locadora do falecido ou esperaria uma resenha no MDM (ahuahauauh).
Por fim, existem problemas no filme, claro, mas não me incomodam (tanto). Um deles, por exemplo, foi terem estabelecido de uma vez por todas o Colecionador como um escravista filho de uma puta do caralho, que mantém espécies sencientes presas em cubículos de acrílico mas que todos os “heróis” estão de boa com isso. Ok, talvez na HQ isso se justifique pelo personagem ser um PICA GROSSA CÓSMICO, mas nos filmes ele parece só um gângster bundão, tipo o HellPerelman em Pacific Rim.
É incoerente afinal, de todos os vilões do universo cinematográfico Marvel (até agora) ele é o mais babaca! Porra! O Renan Ronan lá quer ixprudir um planeta? Pelo menos ele estará lutando contra exércitos e o caralho, mas e o Colecionador ali? Ele está escravizando INCONTÁVEIS seres pelo universo, simplesmente “porque sim”! Mas, quem sabe, as vezes esse pode ser um mote dos próximos filmes, até pra aproveitar o contrato de “coadjuvante de luxo” do Benício Del Toro, que está tão deslocado ali no meio quanto a Nova Prime, Glenn Close. Outra coisa que me incomoda bastante é a ausência de sequer uma citação quanto ao Nova, seria uma PUTA oportunidade de dar outro tapa na cara da DC/Warner, mostrando que até quando o assunto é Lanterna Verde, a Marvel sabe fazer melhor. Mas, não foi dessa vez.
No mais, puta filme. Ri menos do que me prometeram, mas é um dos poucos filmes do gênero que eu reassistiria numa boa. Mas claro, só quando sair no Netflix, preu poder pausar e fazer outra coisa quando desse na telha. Que venha “GdG2: MAXINIM VS PATO DONALD”!