Olha, eu não conheço muito os Power Rangers – quando a série começou a passar na TV Colosso eu já não era exatamente o público alvo e a minha paixão pelos super-sentai já tinha ficado nos Changeman, Flashman, Maskman, etc.
Porém, eu reconheço e muito a importância dos Power Rangers, que ajudou a popularizar o conceito de super-sentai pelo mundo e é uma fórmula que dura até hoje, cativando muitas gerações.
Eu, como fã dos heróis da antiga TV Manchete, adoro ver a popularidade dos Rangers – minha filha e seus amigos estavam outro dia vendo uma das séries do power Ranger que aparece o Jiraiya, maluco!!! Olha que bacana!
Mas enfim, vamos pro filme da Netflix.
Power Rangers: Agora e Sempre é um filme pros 30+, pois ele foca na primeira geração dos Rangers. Na história, os Rangers continuam sua eterna batalha contra Rita Repulsa, que voltou da morte como um robô (!) e matou Trini , a Ranger Amarela (a atriz morreu em um acidente de carro em 2001).
Na história, Trini tinha uma filha quando morreu, Minh. Ela descobre que sua mãe foi uma Power Ranger e, com a volta da Rita Repulsa, decide fazer de tudo pra vingar a morte da mãe e virar uma Power Ranger.
Enquanto isso, Rita Repulsa tenta por seu plano em prática: ela criou uma máquina do tempo que é alimentada pela energia de transformação dos Power Rangers. Ela pretende transformar todos os heróis em bonecos, colocar dentro da máquina e voltar ao passado pra encontrar sua versão mais jovem, pra dar todas as dicas de como conquistar o mundo.
Olha, vamos voltar pros anos 90, quando os Power Rangers estrearam.
A fórmula era: 60% da série era filmada nos EUA, onde envolvia toda a trama dos alteregos dos Rangers – colegiais de 30 anos que frequentavam uma academia de ginástica e uma loja de sucos. Os 40% restantes eram as cenas de ação trazidas diretamente do Kyōryū Sentai Zyuranger, o super sentai original.
O filme Power Rangers: Agora e Sempre é sobre esses 60% filmados nos EUA.
O foco principal são os atores. As cenas de ação estão lá, mas como não têm de onde copiar dessa vez, são só pra tapar buraco mesmo e não impressionam em nada. Nem a batalha de robôs gigantes, que parece que foi feita no computador do seu sobrinho que está aprendendo a usar o Maya.
Então, será que esse filme é pra você?
Como falei, tá na cara que esse filme foi feito pra pegar grana da galera 30+, que agora tem emprego e dinheiro e está sedenta por nostalgia em um mundo no qual são esmagados frequentemente pelas pressões da vida adulta. E tá tudo bem, eu mesmo vivo caindo nessa arapuca o tempo todo (principalmente com as Tartarugas Ninja).
Se você cresceu com os Rangers, vendo eles na programação da TV Colosso, vai se sentir em casa. Vai ser como um abraço de um querido amigo que você não vê há anos!
Se você, assim como eu, não cresceu com os Power Rangers, vai ser só um episódio de 50 minutos que segue a mesma lógica da série original dos anos 90: roteiro raso e atuações terríveis (bem consistente com os antigos episódios).
“Mas Change, você pode pelo menos falar algo de bom do filme?”
Posso sim!
O Ranger Azul tem o maior papel do filme. Ele já tinha dado entrevistas de como era difícil pra ele na época da série original por causa de toda a homofobia que sofreu nos bastidores – ele inclusive tinha pensado em se matar. Ver ele como líder dos Power Rangers e ter o maior destaque na equipe é bem legal.
O filme é, no fim, uma grande homenagem à Thuy Trang, a atriz que interpretou a Ranger Amarela da primeira formação e que, infelizmente, morreu em um acidente de carro aos 27 anos. Tem várias cenas antigas da atriz e ela é lembrada a toda hora durante o filme.
Intencionalmente ou não, o clima do especial é o MESMO de um episódio dos anos 90. A fidelidade, para o bem e para o mal, ao material original é muito impressionante.
Enfim, como falei antes, se você cresceu com os Power Rangers, vai nessa sem medo! Tenho acompanhado a reação da galera que via a série original e todo mundo tá chorando de emoção.
Mas se você, assim como eu, não tem o apego emocional aos Power Rangers, vai ver só uns 50 minutos de um roteiro bem ruim, com uma direção fraquíssima e efeitos especiais piores ainda. Nota 4.