Pois é, nerdaiada maldita… A temporada de séries na gringa começou e trouxe muitas novidades, confesso que fiquei tentado a assistir várias, mas como minha agenda de séries está lotada há pelo menos uns 3 anos resolvi fazer uma seleção das novidades com base na minha memória afetiva, e por isso priorizei 3 series que remakeiam/revisitam/reinterpetam algumas “velharias” que eu apreciava muito… Vamos a elas:
MacGyver
Primeiramente vamos pautar aqui que esses caras tinham a ingrata tarefa de tentar dar nova vida a uma das séries mais clássicas da TV americana e que fez muito sucesso aqui no Brasil também, Mostrar as aventuras do agente Angus MacGyver, que trabalha pra Fundação Fênix e se envolve em tretas, aventuras e espionagens pelo mundo sem recorrer ao uso de armas de fogo pode parecer uma tarefa não muito difícil, mas a CBS (que produz o remake) conseguiu errar em quase tudo!
O elenco é no mínimo duvidoso, Lucas Till (O Destrutor dos X-Men), que interpreta o protagonista da série, dá um ar diferente pro seu McGyver, ele é mais seguro de si, mais “fodão”, e muito menos simpático e também com praticamente zero de carisma…
George Eads (que ficou anos e anos em CSI) interpreta Jack Dalton, que não é mais o trambiqueiro amigo de MacGyver como na série original, ele agora é um ex-agente da CIA que serve de “braço armado” do Mac, um personagem completamente clichezento com todo aquele background de “militar fodão que atira, pilota, luta e tudo mais que o roteiro precisar”
Temos também outros clichês ambulantes com a hacker do grupo que auxilia as missões interpretada por Tristin Mays, o novo “patrão” de Macgyver (que agora é patroa) interpretada por Sandrine Holt (Patricia Thornton) a típica chefona séria de cara amarrada mas que no fundo tem bom coração, e obóviamente o alívio cômico, interpretado por Justin Hires como o colega de quarto de Macgyver que NÃO SABE que ele é agente do gobierno.
A série em si é bem fraca, com uma aventura fechada a cada episódio mas uma trama paralela que se estende por todos os episódios (envolvendo a ex-namorada do herói que era uma agente e virou traidora), virou uma série bem genérica de ação, com ação nada empolgante, uma pobreza de cenários e efeitos especiais quase vergonhosa e resoluções de roteiro que SÃO BEM VERGONHOSAS, nem o gênio inventivo do protagonista e suas traquitanas científicas empolgam a gente a acompanhar a série (aliás é muito idiota ver literalmente aparecer escrito na tela o nome das coisa que o MacGyver está usando pra fazer seus truques tipo “Clipe de papel” é outra coisa que dá muita vergonha alheia), vi 2 episódios e não me animei em acompanhar mais.
Nota: 03
Máquina Mortífera
Outra tarefa ingrata, afinal a série de filmes estrelada por Mel Gibson e Danny Glover (dirigida por Richard Donner) tinha na química entre seus protagonistas (e posteriormente todos os outros agregados na série) o seu grande trunfo, pois você via verdade naqueles relacionamentos. Além é claro das boas histórias, personagens carismáticos, ótimos vilões e ação de primeira grandeza…
Confesso que era a série que eu menos esperava dessas 3, e confesso que fiquei surpreendido! Primeiro pelo elenco, Damon Wayans faz um Roger Murtaugh mais “malemolente”, com uma carga de humor que é inerente ao ator (afinal ele é comediante), mas funciona bem no clima geral da série… Clayne Crawford interpreta Martin Riggs, e é o lado “pesado” da série, afinal é um suicida confesso que vive em crise depois de perder a mulher grávida num acidente de carro e se torna um policial ainda mais inconsequente do que era.
A Murtaugh se recupera de um ataque cardíaco, e quer “andar mais devagar” agora que a família aumentou (ele tem um bebê recém nascido além de outros dois filhos), mas seu plano não dá muito certo quando ele é designado pra ser parceiro de Riggs.
A série desenvolve bem as relações entre os personagens, os diálogos são bons, os atores estão bem e o que parecia ser uma série que não deslancharia, afinal todos nós conhecemos a história dos dois personagens depois dos 4 filmes originais e fica difícil imaginar pra onde a série possa ir que não soe mais do mesmo, mas surpreendentemente ainda consegue apresentar um enredo que nos envolve… Desenvolvendo o início da amizade dos protagonistas e a relação meio que paterna/protetora de Murtaugh e sua família para com o desamparado emocionalmente Riggs não soa forçada.
A estrutura da série é a de termos um caso por episódio, o ritmo é rápido e as cenas de ação são bacanas, apesar de ficar evidente que estamos ali numa série de TV de orçamento muito mais modesto do que as estrambolhices que víamos no cinema.
Apesar dos pesares Máquina Mortífera foi uma grata surpresa, e depois de 3 episódios ela se mostra uma série simpática e fácil de acompanhar, com ótimos momentos que mesclam humor, ação e um pouco de drama.
Nota: 7.7
Westworld
Bem, não é novidade pra ninguém (principalmente pra quem escuta o Pod MdM há algum tempo) que sempre falei bem do filme Westworld – Onde Ninguém Tem Alma (se 1973) por aqui… Escrito e dirigido por Michael Crichton Westworld é o típico filme “low profile”+ que na verdade inspirou dezenas de grandes sucessos nos anos seguintes (Exterminador do Futuro é um deles) e um dos que praticamente pedia por uma revisita agora com efeitos especiais mais apurados.
A história básica continua a mesma, um parque temático futurista ambientado no velho oeste onde o visitante pode fazer o que quiser, matar, estuprar, tudo está liberado, e os robôs perfeitas réplicas humanas são programados pra te satisfazerem de qualquer jeito.
E olha, vou lhes dizer que o início da série não podia ser melhor. Com Jonathan Nolan escrevendo e dirigindo o episódio piloto, e como produtor da série pela HBO, a bagaça dá um show de narrativa e sai do lugar comum, nos levando a conhecer o parque temático a ótica dos ROBÔS que lá trabalham, e não dos visitantes humanos.
O grande trunfo da série é justamente explorar algo que era apenas sugerido no filme original, o lance de que o “defeito” que fazia os robôs passarem a não mais obedecer as pessoas e a reagirem frente as nossas ações desmedidas era na verdade uma evolução, onde a inteligência artificial passava a ser consciente e a ter compreensão e julgo de valor… Obóviamente que a série não diz isso assim com todas as letras, os primeiros episódios mantém a aura de mistério e somos inseridos lentamente na rotina diária dos robôs e vendo gradativamente o seu “enlouquecimento”.
A série é de uma acuidade impressionante, cenografia, efeitos especiais, figurino, elenco (incluindo Ed Harris e Anthony Hopkins) tudo de primeira grandeza e sem deixar nada a dever a qualquer megaprodução cinematográfica.
Westworld tem um início fantástico e nos deixa com a expectativa altíssima pro resto da temporada, e se mantiver esse nível tem tudo pra se tornar um grande sucesso de público “nerd e civil” assim como Game of Thrones… Eu tava falando com o Change esses dias, que depois de ver séries como Black Mirror, Mr. Robot e agora Westworld, mesmo os melhores episódios das badaladas séries da Marvel no Netflix me parecem mais aguadas do que os piores episódios das séries infanto-juvenis da DC no CW…
Portanto, jovens gafanhotos, deem uma pausa na sonolenta Luke Cage ou nas bobinhas séries do CW e confiram AGORA os 2 primeiros episódios de Westworld!
Nota: 9