Jurassic Park foi um marco no cinemas, principalmente se pensarmos em efeitos digitais… A nossa sensação ao ver os gigantescos dinossauros aparecendo e interagindo com os atores do filme foi praticamente a mesma do Dr. Grant (interpretado por Sam Neil) quando vê os monstrengos pela primeira vez…
A franquia continuou com seus filmes até divertidos, mas sem o mesmo brilho… E o que parecia sepultado (junto com a Dinomania que embalou o comércio de produtos de dinossauros para crianças por mais de 10 anos), resolve voltar á baila, e 22 nos depois Hollywood resolve revisitar esse mundo de lagartos gigantes com Jurassic World.
Confesso que quando anunciaram um novo filme da franquia eu nem me animei, acho que o “lugar comum” dos dois último filmes da franquia minaram minhas expectativas… Nem mesmo os trailers legais me impressionavam, mas confesso que quando vi o trailer na sala de cinema (quando fui ver Mad Max Estrada da Fúria), um “clik” aconteceu, ver aquelas cenas numa telona de cinema me fizeram recuperar o gosto e a emoção por Jurassic Park, somado a isso a enxurrada de críticas positivas na gringa me convenceram e lá fui eu ver o novo filme.
Devo dizer que não fiquei decepcionado, Jurassic World é um filme de ação e perseguição muito bom, equilibrado, tenso e com cenas ótimas…
A história é praticamente um remake do primeiro filme, com uma diferença, o parque agora está aberto, e ao invés dos Dinos descontrolados perseguirem uma meia dúzia de pessoas, eles tem agora 20 mil opções de cardápio… O parque no filme já tem 10 anos, e sofre dos desgastes comuns de qualquer atração, a falta de novidade (igualzinho a franquia cinematográfica), pra isso o novo dono do parque, o milionário excêntrico Simon Masrani (Irrfan Khan) resolve investir em novidades, e pra isso conta com o cientista Henry Wu (BD Wong, o único remanescente do elenco do 1º filme) pra criar novos dinos, maiores, mais ameaçadores, mais violentos (igual a franquia cinematográfica), e ele faz isso, e obóviamente que dá uma merda federal, o dino escapa do confinamento e toca o terror no parque.
Em meio a esse plot, temos os outros personagens inseridos na trama, Chris Pratt é Owen, o especialista em adestramento de animais, que desenvolve um trabalho específico com os Velociraptors, temos também Vincent D’onofrio como Hoskins, o cara sem escrúpulos que quer tirar vantagem da situação e vender os dinos para aplicação militar, Bryce Dallas Howard como Claire, uma executiva do parque, viciada em trabalho que tem seus dois sobrinhos vindo para o parque. filhos de sua irmã que está com problemas no casamento, e mimimi e bobobó.
O grande lance é, esses personagens todos até são bem interpretados, tem bons diálogos, mas quem se importa com suas histórias parcamente desenvolvida no filme? Exatamente, NINGUÉM… Os dinos e as situações limite que o filme mostra é que são a grande estrela de tudo. A história está lá (meio fraquejante, mas ainda assim coerente dentro da realidade estabelecida), como um fio condutor das ótimas sequencias de ação, clichês se amontoam e discussões rasas são levemente propostas ( a velha questão de se brincar com a natureza, de bancar Deus, da exploração dos animais, da falta de escrúpulos da iniciativa privada) mas cá pra nós, essa franquia nunca teve a pretensão de aprofundá-las, no mais o filme se apóia firmemente no potencial que os Dinos ainda tem e na boa química e carisma dos personagens de Pratt, Bryce e as duas crianças.
Dos efeitos especiais não temos nada do que reclamar, mas é incrível vermos como passados mais de 20 anos os dinossauros do primeiro filme parecem tão bons quanto os desse último, mas as cenas de ação e perseguição, apesar de reeditarem (de forma “homenageosa”, quero crer eu) muito do que se viu nos filmes anteriores, foram potencializadas, impossível por exemplo não “pular junto” com os garotos do penhasco quando eles estão fugindo do Indominous Rex, o novo animalzinho de estimação do parque, ou segurar a respiração junto com Pratt quando ele se esconde embaixo do trator ou torcer pro velho e combalido Tiranossauro Rex na “luta final” do filme….
Obóvio que o filme não tem o status mágico do primeiro filme, é impossível replicar aquilo hoje em dia sem o “fator novidade” ao vermos os Dinos tão críveis quanto a primeira vez, o filme tem falhas, como a mudança de de opiniões de alguns personagens (como o dono do parque quando uma hora está preocupado com o bem estar das pessoas e dos Dinos e minutos depois toca o foda-se em tudo pra não perder o dinheiro do seu parque), ou como Bryce consegue correr tão rápido com seus saltos altos mesmo com um Tiranossauro cafungando na sua nuca… Ou como (e por que motivo) a InGen tem um exército de mercenários à sua disposição… Mas o equilíbrio de sua ação te faz passar por essas falhas como se um raptor estivesse mordiscando seus calcanhares.
Jurassic World é um filme divertido e competente, que apesar de suas escorregadas e não contar mais com o fator “surpresa” ao vermos os dinos lá de boas se movimentando no meio das pessoas, conseguiu de forma digna restabelecer a franquia dos Dinossauros nos cinemas, o filme é auto-contido, e apesar das notícias de que Chris Pratt assinou contrato pra vários filmes, ele é honesto em fechar a história sem aqueles ganchos safados pra continuações.
Nota: 7,8