A gente vimos: Arrested Development Season 4

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Bem, a série retornou para uma quarta temporada no Netflix, e mais uma vez aposta num formato diferente do comum. Será que funcionou? Vale a pena? Seria essa uma nova tendência em séries em streaming?


Antes de começar a falar sobre a nova temporada, é importante entender o contexto no qual ela está envolvida.

O plot da série é bem simples – e até clichê: Uma família que sempre nadou no dinheiro quebra por conta das atividades ilícitas do patriarca e sobra para o filho mais responsável tentar manter a família unida e resgatar a dignidade deles (se é que tinham alguma).

Mas a sinopse da história não dá conta de descrever como a série é, pois é justamente no formato que Arrested Development tem seu ponto forte. Filmada em formato de documentário, com câmera de mãos e narração em off, ela foge dos clichês das sitcons americanas, com plateia, risadas de fundo a cada piada e sets limitados e cria uma experiência realmente diferente para o espectador.

http://youtu.be/CrIaZUuGWD0

Como toda história com um formato bastante diferente, Arrested Development lutou para permanecer no ar, o que conseguiu por 3 temporadas. O que foi até bastante considerando que os roteiros da série eram recheados de piadas internas, autorreferências, gags às vezes sutis demais, além de lidar com temas que o público em geral geralmente torce o nariz, como problemas mentais, incesto, homossexualidade, racismo, religião, política internacional, entre outros, além de muitos, mas muitos trocadilhos e piadas com a língua inglesa (o que faz a série ser bem difícil de traduzir e continuar engraçada).

A série acabou há 6 anos, e graças a um público crescente nos últimos anos, ganhou novo fôlego com a intenção de fazer um filme da série. Quando Mitchell Hurwitz, o criador da série, começou a escrever, percebeu que um filme só não seria suficiente, e que pelo menos o primeiro ato da história teria que se estender. Foi então que o Netflix abraçou a causa e Arrested Development ganhou uma quarta temporada com 15 episódios para reintroduzir os personagens depois de todo esse hiato de 6 anos.

A nova temporada propriamente dita

Aproveitando-se da nova mídia (o Netflix), Hurwitz criou um formato inusitado para a quarta temporada: Todos os 15 episódios foram disponibilizados no mesmo dia, cada um centrado num personagem, mas na verdade todas as histórias acontecem mais ou menos ao mesmo tempo. Como assim? A quarta temporada é uma única história vista de 15 pontos de vista diferentes. Enquanto um episódio mostra o que Michael tem feito nestes últimos seis anos e como ele retorna ao convívio familiar depois do fim da terceira temporada, outro episódio nos mostra George, sua trajetória, e como ele chega até as cenas onde ele aparece interagindo com Michael no episódio anterior. Sim, dá dor de cabeça na hora de tentar explicar, mas na prática não é tão complicado quanto parece.

De qualquer maneira, este é o primeiro ponto negativo para alguns: o formato adotado nesta nova temporada exige mais esforço por parte do espectador do que a série original já exigia. Como a narrativa não é linear, com a história indo e voltando no tempo, é necessário atenção e esforço intelectual para conseguir acompanhar o que está acontecendo. E pode se preparar para ver os episódios mais de uma vez se quiser pegar todos os detalhes.

Outro ponto negativo é que, por não ser uma série com um começo e fim, por assim dizer (os episódios podem ser assistidos em qualquer ordem, pelo menos é o que eles dizem), ela começa e acaba de forma bastante brusca, e termina com um gancho enorme para a próxima história. Definitivamente o filme da série não será para atrair uma nova audiência.

Mas as críticas ruins param por aí. O melhor dessa temporada foi que, mesmo com uma mudança no formato narrativo, foi como se a série nunca tivesse terminado e ficado em repouso por tantos anos. O estilo de humor é o mesmo, a qualidade do texto é a mesma, e os temas provocativos também. Até as participações especiais clássicas (de Liza Minelli a Ben Stiller) estão todas lá, mesmo que em pequenas pontas (e não são mal aproveitados, o que é melhor ainda – e é muita gente), além de novas participações especiais, como Terry Crews, Seth Rogen e até Ron Howard (um dos produtores da série), que já participava como narrador, e agora atua como ele mesmo num papel de destaque até.

Quem assistiu as 3 temporadas originais, pode ficar tranquilo: se você curtia a série, não vai se decepcionar com a quarta temporada. Os temas delicados continuam sendo abordados, sem nenhuma delicadeza, e tem espaço até para piadas nerds (de Facebook a uma tentativa de fazer um musical não autorizado do Quarteto Fantástico, que é parte importante da trama)

Quem nunca assistiu, não tente começar por ela, sério mesmo. Você não vai entender nada.

Mas recomendo quem se interessar que assista as temporadas originais, e depois mergulhe na quarta temporada de Arrested Development. Os episódios estão disponíveis no Netflix (mas você provavelmente consegue por outros meios, se é que me entende) que, convenhamos, se você tem uma internet relativamente boa e ainda não assinou, tá marcando bobeira. Certamente A quarta temporada de Arrested Development é uma experiência bem diferente da qual você está acostumado em séries de comédia.

Nota: 9,5

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