A gente lemos: Folheteen: Direto ao ponto (e tem promocha!)

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Apertem os cintos: a personagem fugiu da tira!

Malu é uma adolescente de classe média-baixa (ou “nova classe média”) comum. Ela estuda, trabalha, reverte uma parte da (pouca) grana que gera para ajudar a mãe, divorciada, nas despesas da casa. Seu irmão, Marcelo, é um leitor do MdM outro adolescente comum: vive vendo pornografia na net, e não tem problemas em tentar controlar a vida dos parentes, quer dizer, dAs parentes. À volta deles, os pais, os colegas de trabalho e escola, os estranhos flertando no ônibus. Se eu não te dissesse que tudo isso formam os ingredientes de Folheteen, do nosso brodá José Aguiar, você podia muito bem achar que eu estava falando da vida, não de um personagem ficcional.

O grande mérito do Zé com Folheteen (e que fica agora mais explícito na graphic novel Direto ao Ponto) é fazer com que Malu, Marcelo, a mãe, o pai, o Lauro, até a Berta pareçam pessoas comuns, que você provavelmente tromba todos os dias em algum lugar. Não tem as extravagâncias ou estereotipias habituais duma tira de quadrinhos. Isso é legal porque todas as atitudes são impressionantemente verossímeis, corriqueiras, normais. Como todas as HQ’s sobre o cotidiano, não há viagens cósmicas ou poderes mutantes, mas, diferente também de muitas histórias “cotidianas” em quadrinhos, não há O príncipe encantado, o irmão babaca, a mãe sofredora, a protagonista aborrecente. Com Folheteen, o Zé consegue, há tempos, fazer uma história real – a gente só lembra que não é tão real assim por conta do traço altamente estilizado e inconfundível do próprio Zé. Fosse uma fotonovela, você ia ficar na dúvida se aquilo era mesmo encenado.

Mas falemos do álbum: em Direto ao Ponto, Malu, a protagonista, toma-lhe um pé na bunda e perde seu emprego de sonhos (SQN) de caixa de supermercado. Ao mesmo tempo, a mãe inventa de arrumar um namorado, o Lauro, de modo que a garota precisa ficar nesse fogo cruzado: acompanhar/barrar a sanha vingativa do irmão e arrumar um novo emprego, antes que alguém perceba que ela perdeu o último.

É impressionante a condução tranquila e verossímil que o Zé faz da trama – longe de fáceis, as soluções dos conflitos são claras, verdadeiras. Não sei se é resultado de um viés “naturalista” que eu tenho, de achar que as coisas com cara de “verdade” são mais legais, mas eu achei sensacional. Achei bacana que mesmo quando uma decisão parece óbvia, bem, ela parece óbvia porque é assim que uma pessoa real, de carne e osso, faria. Mesmo o sonho que a garota tem, logo na abertura, é realíssimo: quem nunca quis ser maior do que os próprios problemas? Direto ao ponto não é uma HQ explosiva, com descargas repentinas de emoção e êxtase: mesmo com conflitos, é uma história verdadeira, num tom de vida real.

E isso é um mérito ducacete!

Folheteen – Direto ao ponto, de José Aguiar. Editora Quadrinhofilia, 64 páginas, capa dura. R$ 49,90. A venda nas livrarias está começando agora, mas o álbum pode ser solicitado através do projeto.quadrinho@gmail.com.

Nota: 8,5

Ah, a promocha! Com a palavra, o ex-cozinheiro Zé Aguiar:

“Desenhistas do Brasil, não percam essa chance de participar do concurso Folheteen: Como é a sua Malu? Crie sua versão da muinha personagem Malu, ganhe livro autografado, perfil e desenho publicados. Participe!”

http://www.gazetadopovo.com.br/gaz/quadrinhos/ganhe-um-livro-folheteen/

O concurso vale até as 13h do dia 26 de junho. CORRÃO!

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