Top 13,5 fases da DC Comics que eu recomendo

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Todo mundo gosta de falar que “no meu tempo era melhor”, seja na música, cinema, na vida ou nos quadrinhos. Embora eu discorde veementemente dessa afirmação (ter sido melhor pra você não significa ter sido melhor como um todo – sem contar que normalmente isso é apenas o que chamamos de “memória afetiva”), acho sempre bom repensar sobre grandes momentos dos quadrinhos no passado.

Quando a gente pensa em lista de quadrinhos, normalmente pensamos em falar de HQs específicas (Cavaleiro das Trevas, Reino do Amanhã, DC: A Nova Fronteira, e por aí vai), mas nem sempre lembramos de fases, às vezes longas, que até hoje são lembradas como os melhores períodos dos personagens (ou muitas vezes a única que vale/presta).

Então, segue aí uma lista de fases que eu considero recomendabilíssimas nos quadrinhos da DC – Algumas óbvias, é claro, outras nem tanto. O post é longo, então senta que lá vem história:

13 – Mulher Maravilha, por Greg Rucka (2003-2005)

Pouca gente, especialmente quem não é fanático por DC, lembra dessa fase, que se não me engano se encerrou na época da Crise Infinita. Embora tenha passado um pouco despercebida, essa fase teve cerca de 3 anos e trouxe algumas evoluções bem interessantes para Diana, como uma Themyscira feita de ilhas flutuantes e “aberta” ao público, como uma espécie de “biblioteca” para trocar de ideias e conhecimento, e ter publicado um livro com seu ponto de vista sobre o mundo dos homens.

 

12 – Patrulha do Destino, por Grant Morrison (1989-1993)

Se você acha que Homem Animal, Crise Final e Batman: Descanse em Paz são histórias esquisitas, é por que você não leu a fase do autor frente à Patrulha do Destino. Com personagens bizarros e histórias inspiradas em conceitos literários malucos, como Alice no País das Maravilhas, Morrison constrói as histórias mais estranhas para aquela que deveria ser – e na fase dele certamente é – a equipe mais estranha do Universo DC.

 

11 – Liga da Justiça, por Grant Morrison (1997-2000)

Morrison sempre é lembrado pelas maluquices que eles escreve e criticado por fazer histórias incompreensíveis para o público burro de quadrinhos. Mas pouca gente lembra que sua fase na Liga da Justiça não tinha nada de complexo, pelo contrário: eram histórias diretas, cheias de ação e uma porrada de coisa acontecendo, mas longe das metalinguagens a que o autor tem se aprofundado cada vez mais (vide o recente Multiversity onde a ameaça infecta o multiverso DC a partir de uma revista em quadrinhos).
Uma das grandes contribuições do Morrison nesta fase é insinuar que a terra é o berço do Quinto Mundo, e que os super-heróis da DC se tornariam, eventualmente os Novos Novos Deuses (ideia que não foi usada e que acabou sendo retomada pelo próprio Morrison em Crise Final, embora não de forma tão conclusiva).

Uma menção honrosa aqui é continuidade desta Liga pelas mãos do Mark Waid, que também é uma fase que vale ser conferida.

 

10 – Homem-Borracha, por Kyle Baker (2004-2006)

Pouco antes de Crise infinita, Kyle Baker assumiu a tarefa de fazer uma revista do Homem Borracha. Apesar de se passar dentro da cronologia DC na época (tem até crossover com Crise Infinita), esta fase é tão surreal que acaba por ficar totalmente à margem da cronologia, se destacando quase como um universo paralelo. De piadas com as confusões cronológicas à sátiras políticas, esta é uma fase inesquecível – que infelizmente nunca chegou a ver a luz do dia no Brasil, e não teve o volume de vendas que merecia.

 

9 – Batman, por Jim Starlin (1989-1989)

Apesar de ser lembrado mais pelas sagas cósmicas na Marvel, Starlin teve algumas passagens pela DC, e sua estada no Batman, durante o início dos anos 90, é uma das que vale a pena citar. Basta lembrar que arcos como As 10 noites da Besta (que introduziu KGBesta), O Messias e A Morte de Robin foram escritas pelo autor durante essa fase. Ou seja, um período que não dá para passar batido.

 

8 – Mulher Maravilha, por George Pérez (1987-1992)

Bom, aqui começamos um dos clássicos. Já ouvi gente perguntando por que essa fase é tão celebrada, e acho que a resposta não pode ser diferente: simplesmente por que é a melhor fase da Mulher Maravilha até os Novos 52 – que eu não li, então não posso dizer se é melhor ou pior. Além da arte fenomenal, Pérez reformula a personagem, traz de volta vilões tradicionais, cria novos, e traz uma mudança fundamental em relação às encarnações anteriores: agora Diana não tem mais identidade secreta, e atua como embaixadora de Themyscira no mundo do Patriarcado, com a missão de trazer a paz ao nosso mundo. Fora isso, o fato de essa fase ser a base fundamental na qual todas as outras histórias posteriores da personagem pegaram referencia, já diz muito em favor dela.

 

7 – Flash, por Mark Waid (1992-2000)

Um dos motivos pelos quais muita gente reclamou da DC trazer Barry Allen de volta em Crise Final pode ser atribuído ao Mark Waid, ou melhor dizendo, ao que ele fez com outro personagem que vestiu o manto por 20 anos: Wally West. Waid não só evoluiu o personagem, tornando-o distinto de seus predecessores (Barry Allen e o Flash que vale, Jay Garryck), mas também abraçando plenamente o legado dos velocistas, sem esquecer das relações de Wally com estes personagens e com outros velocistas. A cereja do bolo era o constante uso de conceitos científicos, especialmente da física, para trabalhar de forma interessante o poder do personagem – uma clássica para mim ocorre durante a saga DC: Um Milhão, onde Wally, no futuro, compete numa corrida contra ele mesmo pois, ao ultrapassar a velocidade da luz, ele chega sempre um pouco antes dele mesmo antes de atingir essa velocidade. Maluco, mas muito divertido.

 

6 – Homem Animal, por Grant Morrison (1988-1990)

Homem-Animal pode tranquilamente ser dividido entre pré e pós Grant Morrison, principalmente pelo fato de que a fase do autor criou um personagem muito diferente do que se tinha visto até então: Um super-herói vegetariano que enfrenta ameaças bizarras e acaba encontrando deus (o próprio autor, Grant Morrison – modéstia é para os fracos), numa história que, já nos anos 80, introduzia diversos elementos que seriam abordados novamente pelo autor em diversas das suas histórias, e que reverberam até hoje em suas obras – como em Multiversity mais recentemente. Se você considerar as histórias metalinguísticas do Morrison dentro de uma cronologia própria, certamente sua fase em Homem Animal pode ser considerada o início de tudo.

 

5 – Liga da Justiça Internacional, por Keith Giffen e J.M DeMatteis (1986-1996)

Bem, o que dizer dessa fase que faz tempo que li pela última vez, mas ainda considero pacas? Acho que essa fase da Liga é meio que Hors Concours entre os fãs, por isso não tem como não citar nesta lista. Na época, logo após a Crise e sem poder utilizar os principais personagens da editora (que estavam sendo reformulados em seus títulos por grandes autores), Keith Giffen e J.M DeMatteis inverteram os polos e transformaram a Liga da Justiça numa equipe feita por super-heróis “lado B” tentando ser considerada a melhor equipe da DC – numa época em que os Novos Titãs viviam sua melhor fase. Com a ajuda de Kevin Maguire (que ilustrou as histórias por um bom tempo)), o resultado foi um conjunto de histórias que, além de hilárias, nunca esqueciam que a revista era, afinal, uma história de super-heróis e precisava ter vilões maneiros, tramas bem elaboradas e bastante ação.

 

4 – Sandman, por Neil Gaiman (1989-1996)

Eu nem sei se deveria colocar Sandman aqui por que, bem, na prática ele sempre foi um personagem DO Neil Gaiman mais do que da DC. Mais uma consequência das reformulações pós Crise Nas Infinitas Terras, Gaiman pegou apenas o nome do herói encarnado originalmente por Wesley Dodds na Sociedade da Justiça e transformou – ciente de que este era um nome compartilhado por outros super-heróis ao longo das décadas – completamente o conceito, trazendo uma mitologia mística e mitológica como nunca tinha sido visto antes no universo DC, sem esquecer estes outros personagens que compartilhavam essa alcunha. Apesar de ser parte da cronologia, a vantagem é que, como outras HQs que fugiam bastante da vibe do universo DC regular – como o Homem Borracha do Baker – Sandman pode tranquilamente ser lido sem conhecimento do resto do Universo DC (embora ter esse conhecimento proporciona uma experiência bem mais abrangente de leitura).

A fase do Neil Gaiman no Sandman pode ser encontrada em encadernados diversos. Além dos 4 volumes do próprio personagens, também há no Brasil encadernado de personagens derivados, como Lúcifer, Morte, entre outros.

 

3 – Esquadrão Suicida, por John Ostrander (1987-1992)

Pra mim a única vantagem do anúncio do filme do Esquadrão, e da estreia do filme – se ele realmente sair – é a conscientização da existência da fase do John Ostrander junto aos personagens. Mais uma fase fruto de reformulações pós-Crise (O Esquadrão original era uma equipe da Era de Prata), Esquadrão Suicida se tornou uma equipe do governo feita de supervilões e comandada com mão de ferro por Amanda Waller. As histórias faziam parte de um grupo de séries – que incluía o Caçador (Mark Shaw), Chequemate e o Pacificador, entre outras – que explorava o lado político e de espionagem de um universo que também contém super-heróis. Mas a grande vantagem da fase de Ostrander frente ao Esquadrão, e que o diferenciava das outras revistas era a preocupação com a caracterização dos personagens, com personalidades bem distintas, backgrounds turbulentos e motivações verossímeis. Fora que pouca gente esquece que essa fase do Esquadrão Suicida foi quem resgatou a Bárbara Gordon pós-A Piada Mortal e nos trouxe a personagem Oráculo.

 

2 – Monstro do Pântano, por Alan Moore (1984-1987)

Quem me conhece já devia estar esperando por essa, mas vamos combinar que não dá para fazer esse tipo de lista sem incluir a fase responsável pela retomada do terror na DC e uma das principais responsáveis pelo posterior surgimento do universo Vertigo. Alan Moore faz parte da trinca de roteiristas ingleses – do qual também fazem parte Grant Morrison e Neil Gaiman – que simplesmente revolucionaram os comics de super-herói, se recusando a manter as histórias baseadas no velho bem vs mal do pensamento “westerniano” americano, com personagens bidimensionais que não questionam sua moralidade nem tratam de temas realmente relevantes. Na fase do Alan Moore, o Monstro do Pantano descobre que nunca foi humano, transa com uma mulher humna, viaja pelos EUA encontrando os monstros clássicos e vai, literalmente, do Inferno até o espaço sideral para desvendar os segredos do universo – e sua própria identidade.

O melhor de tudo é que esta fase tem sido republicada pela Panini, em 3 livros que saíram até agora, com um quarto prestes a sair.

 

1 – Novos Titãs, por Marv Wolfman (1980-1996)

Como eu falei em memória afetiva no começo do post, acho relevante comentar que, embora Novos Titãs esteja na primeira posição basicamente por memória afetiva, isso não muda o fato de que esta fase escrita pelo Marv Wolfman (e desenhada na maior parte por George Pérez) precisava estar nesta lista em alguma posição, dada sua importância.

Esta fase colocou os Novos Titãs como a melhor superequipe da DC, tanto em popularidade quanto na qualidade das histórias (deixando a Liga da Justiça, até então sempre mais popular, no chinelo) ao levar a sério os personagens e fazê-los como adolescentes reais, com problemas reais, mesmo em meio à fantasia do Universo DC. Personagens bem construídos, tramas sólidas e diversidade resultaram numa fase de 16 anos que colocou no mapa personagens antes desconhecidos (como Ciborgue, agora membro da Liga que terá seu próprio filme, e Estelar, que terá revista própria pela DC em breve) e popularizou ainda mais sidekicks como Moça Maravilha, Kid Flash, Robin e Ricardito. Poucas HQs da DC trabalharam com uma história de equipe nesse nível de identificação com o público adolescente americano – e, por que não dizer, o brasileiro também).

 

 

0,5 – Tiny Titans, por Art Baltazar e Franco Aureliani (2008-2012)

Bom, esta aqui só está fora das posições por que não é uma fase per se, e sim uma revista que se passa fora da continuidade do Universo DC. Foram ao todo 50 edições, das quais acompanhei apenas as primeiras dezenas, mas que era simplesmente uma das melhores coisas que a DC publicava na época.

Tiny Titans era estrelada por versões alternativas do universo dos Novos Titãs e os colocavam numa escola primária. Além das histórias divertidíssimas e muito bem boladas – mesmo sendo voltadas para um público infantil – o que realmente fazia Tiny Titans ser tão legal era o fato de ser pesadamente baseada no Universo DC, com uma porrada de referências, inclusive sátiras às megassagas que ocorriam em paralelo no UDC oficial. Exterminador era o diretor da escola, Darkseid era a “moça do almoço”, e o Monitor era o cara que cuidava dos corredores e era sempre incomodado pelo Antimonitor!

Sem contar que figurava, virtualmente, versões de todos os personagens que já passaram pela equipe dos Titãs em algum ponto da historiografia da equipe, dos mais conhecidos como Aqualad, até os mais esquecidos, como a Abelha, além dos vilões, que também estudavam na escola. E também tinha, é claro, os heróis adultos, que sabiamente os autores não faziam com que se tornassem “protagonistas” da história. Realmente uma revista que vale muito a pena ler, é diversão garantida.

 

Obs.: Todas as datas nos títulos são de quando publicados originalmente nos EUA; algumas datas mudam consideravelmente quando publicadas por aqui.

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