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A gente lemos: Valente por Opção

Já falamos por aqui algumas vezes que o onipresente Vitor Cafaggi provavelmente foi o autor que mais autografou gibis no FIQ 2013. Mesmo com essas participações em grandes projetos editoriais (ou você não ficou sabendo de Laços?), Cafaggi manteve o seu plano de publicar um volume por ano de seu personagem Valente, originalmente publicado nas tirinhas do jornal O Globo, do Rio.

A grande novidade desse terceiro volume, Valente por Opção, é o selinho da Panini ali na capa (o que gerou uma subida de preço do gibi), que também está republicando os dois primeiros volumes. Os anteriores foram publicados de forma independente. É bom saber que tem uma grande editora cuidando da produção e distribuição do material, nem que seja somente para deixar o autor mais à vontade para se preocupar mais com a criação que com o processo editorial.

Além disso, joga a favor da nova editora o fato de não ter mudado a qualidade gráfica do material. Para além do formato inalterado (pra alegria do Sr. “Não quero bagunçar a minha coleção” Ultra), o grande receio seria uma possível “adequação ao mercado”, forçando a colorização das tirinhas, o que felizmente não aconteceu. Apesar de hoje publicar versões coloridas da tirinha no blog Puny Parker, as tirinhas foram criadas para a publicação em jornal e a opção de tons de cinza valoriza muito o traço do Cafaggi.

 

 

Neste terceiro volume acompanhamos as desventuras de Valente e seus amigos no primeiro ano de faculdade. Depois de um volume inteiro do triângulo amoroso entre Valente, Dama e Princesa, a mudança de foco dá uma boa renovada na série, com novas piadas e novos ambientes, além de mostrar um outro lado do desenvolvimento dos personagens.

O melhor exemplo disso é o clímax do livro, o ponto de virada de Valente, o momento em que, inspirado pelo ídolo Rocky Balboa, o jovem canino resolve dar a volta por cima, uma situação universal com a qual todos podemos nos relacionar.

O fato de já estar no terceiro grande arco de histórias faz Cafaggi passear com facilidade completamente pelas reações emocionais de seu elenco (com algumas expressões faciais impagáveis), ao mesmo tempo em que cria o desafio de inovar nas situações.

Aí fica evidente o mérito de Vitor Cafaggi em criar um personagem nacional de tirinhas consistente e duradouro, o que não acontecia há muitos anos, como bem lembrou o Crumbim no Podcast MdM #243.

Cafaggi hoje domina o difícil equilíbrio entre o ritmo ágil da tira diária e a cadência da trama maior formada pela união desses pequenos momentos. Há inclusive certas tirinhas que prenunciam acontecimentos que o leitor só verá bem adiante, revelando o bom planejamento do autor por trás das tiras.

Fechando a edição, há uma galeria de convidados mostrando a visão de outros quadrinistas nacionais sobre a série Valente. Além de ser um extra bacana para o leitor, é também uma amostra dessa comunidade de quadrinistas que existe hoje no país, vindos na maioria da publicação independente, trocando ideias e colaborando nos trabalhos uns dos outros, uma das características mais marcantes das produções nacionais nos últimos anos.

Fica a torcida para que, mesmo com tantos outros projetos nas mãos, o autor consiga continuar publicando esse projeto pessoal anualmente. Certamente continuarei comprando.

 

 

Valente por Opção
De Vitor Cafaggi (roteiro e desenhos)
Editora Panini
116 páginas (PB, capa cartonada colorida)
23 x 12 cm
R$ 14,90
Novembro/2013

Momento Dr. Gori: Seguindo uma conversa que tive com o roteirista e camarada Daniel Esteves sobre os leitores preguiçosos que só olham a nota no fim do post, a crítica do gibi fica sem nota. Leiam o texto acima e tirem as suas próprias conclusões, vagabundos!

Nerd Reverso

O que esse cara ainda tá fazendo aí? VAI EMBORA DO AMÉRICA!

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