Cinema

O fim da escravidão de Leia Organa!

Olha só, nerdaiada desgraçada… Há alguns dias um rumor pintou na nets, e ele envolve uma das figuras mais icônicas (e também mais cosplayerzada) de Star Wars, a Slave Leia!

O lance foi que o artista J. Scott Campbell postou no seu Facebook um comentário acerca da entrevista de Carrie Fisher, onde ela dava alguns conselhos a Daisy Ridley, para fugir do estereótipo de ser apenas um símbolo sexual, e se mostrar uma personagem que vai muito além de ficar mostrando seus atributos, na qual se referia ao fato de que ela própria (Carrie) passou por isso em O Retorno de Jedi, quando lhe colocaram no traje de escrava de Jabba no início do filme e disse para Daisy não aceitar esse tipo de coisa, não ser “uma escrava” e lutar por sua roupa.

Pois bem, Campbell disse o seguinte:

Daisy não vai precisar lutar contra nada, a Disney já está trabalhando pra limpar a figura da Slave Leia de sua linha de produtos num futuro próximo. Vocês não verão mais qualquer representação disso.

Acreditem em mim, já ouvi isso de duas fontes diferentes, na Marvel não podemos mais nem desenhar Leia em alguma pose mais sexy e nem com pouca roupa. Também tivemos uma estátua 3D da personagem, que estava em desenvolvimento por uma grande empresa, cancelada recentemente.

Oboviamente que depois disso a polêmica rolou solta pela net, com muita gente reclamando da suposta atitude da Disney de sepultar a Slave Leia de sua linha de produtos…

Então vamos lá… Primeiro de tudo precisamos entender que toda essa construção ideológica do perfil sexy da mulher nos cinemas, literatura, quadrinhos e tals foi fruto dos fetiches masculinos, pois isso tudo foi criado (em sua maioria) por homens e para homens, afinal homens eram os maiores consumidores desse tipo de produto. Oboviamente que teríamos então milhares de “signos” (olha a referência jungiana aí) estritamente carregados de valores tentando emular o que na cabeça masculina seriam as características ideais de uma mulher… as Pinups, Femme Fatales, Lolitas, Bombshells, todas nasceram das cabeças de homens, e é perfeitamente compreensível que as mulheres não se sintam a vontade sendo encaixadas nesses estereótipos.

Entendido isso também devemos compreender o posicionamento de Carrie Fisher ao não querer pra si a pecha de “Símbolo Sexual”, e se sentir extremamente diminuída ao ser lembrada SÓ por ter usado um biquininho sumário num filme… Afinal como a própria Daisy Riley lembrou na entrevista entre as duas, Leia era uma personagem modafócka, de atitude, de garra e destemida, e isso numa época que não era nada comum ver mulheres com papéis que fugissem do estereótipo de “donzela em perigo”.

O que eu acho? Se a Disney realmente resolver não mais explorar a figura da Slave Leia, na minha opinião, vai ser a maior justiça tardia feita a favor da personagem Leia Organa!!!

Tava conversando com o Change agora há pouco, e concordamos que apesar de termos uma ótima justificativa pra Leia ter aparecido vestida com aquela roupa em Retorno de Jedi, aquilo foi extremamente DESONESTO com a personagem, afinal até aquele momento Leia Organa não tinha sido mostrada como uma personagem com esse perfil sexualizado em nenhum momento.

Muito pelo contrário, ela era uma mulher de atitude e extremamente participativa de todos os eventos importantes que aconteceram na história até então, a personagem já estava consolidada e definida dentro do contexto de Star Wars, então colocá-la em trajes sumários naquela altura do campeonato foi extremamente desonesto por parte do diretor/roteirista/estúdio… Foi se render a um senso comum banal e desnecessário. E, mesmo que a visão dela de biquíni de alguma forma pareça “compensar” dentro dos nossos instintos masculinos, se pensarmos no que ela simboliza para todas as mulheres que até ali tinham um bom exemplo de mulher de atitude (dentro de um gênero de filmes que nunca priorizou as mulheres) , ver Leia Organa acorrentada, subjugada e em trajes sumários obviamente não é nada agradável.

Então, galera… procurem entender o contexto das coisas e aceitem que as mudanças acontecem e celebrem a libertação da escrava Leia!

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